Núcleo bolsonarista contava com um pedido de vista de Nunes Marques ou André Mendonça, indicados pelo ex-presidente, mas nenhum dos dois pediu, quando houve a oportunidade, para fazer parte da turma que analisa a denúncia. A composição da 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), colegiado responsável pelo julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros sete réus por tentativa de golpe de Estado, poderia ter sido alterada antes do início da análise da denúncia – mas nenhum ministro pediu a modificação.
A vaga na 1ª Turma ocupada por Flávio Dino desde fevereiro de 2024 pertencia a Rosa Weber, que se aposentou em setembro de 2023. Nos cinco meses que separam a aposentadoria de Weber da posse de Dino, qualquer ministro da 2ª Turma poderia ter pedido para assumir a vaga, mas ninguém o fez.
Como não houve nenhum pedido de modificação, após a aposentadoria de Rosa, a 1ª turma passou a ser composta por Alexandre de Moraes, Carmen Lúcia, Cristiano Zanin, Luiz Fux e Flávio Dino.
Nenhum desses magistrados foi indicado por Bolsonaro. Zanin, Dino e Cármen Lúcia foram indicados por Lula, Moraes, por Michel Temer e Fux, por Dilma Rousseff. Os dois escolhidos por Bolsonaro, Nunes Marques, que entrou em 2020, e André Mendonça, em 2021, estão na 2ª Turma.
Na avaliação de integrantes do núcleo bolsonarista, a expectativa da defesa era de que Mendonça ou Nunes Marques pudessem pedir vista, caso a denúncia do golpe fosse levada ao plenário. Na prática, isso poderia desacelerar a análise do caso.
Mas nem precisaria que o caso fosse a plenário. Como lembram interlocutores do ministro Flávio Dino, bastava que Mendonça ou Nunes Marques tivessem pedido a ida para a 1ª Turma, o que não fizeram.
Após a denúncia ser apresentada, a defesa de Bolsonaro chegou a tentar impedir que Dino a julgasse. Em fevereiro deste ano, os advogados do ex-presidente apresentaram recursos ao STF para tentar impedir que o ministro continuasse no caso.
Não deu certo. O plenário do Supremo decidiu que Dino poderia julgar o inquérito do golpe.
Por que Bolsonaro é julgado na Primeira Turma
Bolsonaro será julgado pela Primeira Turma da Corte porque em 2023, o plenário do Supremo aprovou por unanimidade que processos penais — investigações e processos em que se apura se houve crime — deveriam ficar com as turmas do Supremo.
E o julgamento deve acontecer na turma em que está o relator do caso.
Como o ministro Alexandre de Moraes, o relator da denúncia contra o ex-presidente, faz parte da 1ªTurma, o caso deve ser julgado por esse colegiado. O relator pode, se quiser, levar o caso para o plenário.
Fonte: G1